domingo, 26 de dezembro de 2010

Visão


A sirene entoava sua já conhecida melodia, entreva agora acelerada pela garagem do hospital, assim que o veiculo parou o homem que estava no banco do carona desceu e correu aos fundos do carro abrindo a traseira e dando passagem para outros dois de seus companheiros descerem com uma maca, atado a ela estava um homem, ao passarem pela entrada foram logo abordado por um medico.
- O que aconteceu com este paciente.
- Infarto.
Seguiram a passos rápidos até a sala de cirurgia.

*

- Ainda que eu caminhe pelo vale da sombra da morte eu não temerei – leu em uma plaquinha fincada ao chão onde dali se iniciava uma tortuosa estradinha construída em pequenos paralelepípedos.
Estava confuso, não se lembrava de ter chegado ali, decidiu seguir a estrada, olhou para os lados sinistrar arvores ressequidas com galhos tão longos que pareciam querer lhe agarrar, olhou para o céu, pesadas nuvens violentas caminhavam calmamente sob um negro véu ausente de estrelas, o que julgara ser a lua em uma segunda analise mais pareceu um recorte no manto noturno no qual revelava um fundo branco e brilhante.
Seus ouvidos foram tomados por um estranho grasnar que julgou vir do céu, olhou, estranhas aves esqueléticas sobrevoavam sua cabeça, santo Deus o que era aquilo?
As aves mergulharam em sua direção, passou a correr, o que era aquilo?O que estava acontecendo? Escutava o som de ossos se estraçalharem as suas costas, estaria ficando louco?
Viu uma casinha mais a frente, havia alguém lá, da janela dava para ver uma fraca iluminação, chegou, bateu a porta, tinha os olhos fixos ao céu na procura de mais uma daquelas esdrúxulas aves, distraído não notou a porta sendo suavemente aberta, uma mão surgida do interior da casa então o puxou.
- Ei... – disse se virando – Ahhh o que isto? Quem é voce?
Via a sua frente um sinistro velhote com dois alicates em mãos, estes por sua vez vinha anexo a grossos cabos ligados a um velho gerador.
- Deus do céu.
Esmurrou a porta com tamanha força que está cedeu indo ao chão, deixou a casinha correndo, voltou à estradinha sem coragem de olhar para trás, tão somente recobrou a coragem quando estava longe o bastante para não mais ver o macabro casebre, tropeçou e caiu se molhando por inteiro – Droga que azar – levantou-se, então pode ver no que havia tropeçado, era uma fonte, nela também tinha uma placa.
- Fonte das lembranças... Pif, que nome mais idiota para uma fonte – decidiu retomar a caminhada, olhou uma ultima vez para a fonte – o que era aquilo? – se via no sitio de seu avô quando tinha apenas cinco anos, agora como se águas tivessem sido atingida por uma pedra o cenário mudara, era sua festa de casamento, novamente as águas tornaram-se inquietas, era o nascimento de seu primeiro filho.
Sentiu uma mão tocar-lhe o ombro, o sangue gelou nas veias, olhou para trás, era novamente aquele louco com os alicates, o repeliu o empurrando com os braços, voltou a correr, correu, correu...
A frente agora via um porto seguro, uma luz, a frente via a mãe de braços abertos, ao fundo via também uma forte luz branca, a suas costas o velhote ainda o perseguia, não iria o pegar, correu mais, mais, chegou...

*

- Hora da morte... – disse o médico olhando para o relógio preso a parede – nove e doze.

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