terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Lágrimas do Céu - Parte IV

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Ambos os cômodos revestidos com proteção acústica impediram que seus ocupantes pudessem ouvir o encontro da aeronave com o teto do galpão, sendo assim tão somente tomaram ciência do ocorrido quando os escombros tombaram sobre o teto da câmara. 
*
Uma verdadeira enxurrada invadia o galpão, os escombros do teto e a carcaça em chamas do helicóptero pesavam perigosamente sobre o teto de ambos os cômodos, em seus interiores grossas rachaduras passavam a aparecer nas paredes e vidro de proteção.
Cintia correu até a porta de saída, girou a chave e puxou a porta, desesperou-se com o que viu, escombros impediam a saída, para piorar por entre as brechas passava verter água em abundancia.
- Estamos ferrados Adriano, ferrados – disse a mulher aos berros.
- Adoro o seu otimismo Cintia – disse o homem com os olhos voltados para o painel.
- Não é hora de brincadeira Adriano.
- Não estou brincando, só acho que manter a calma ajuda.
- Desliga a droga destes raios.
- Estou tentando – disse com as mãos no cabelo – a água deve ter danificado algum dos sistemas.
Adriano passava agora a digitar agilmente o seu notebook.
- O que voce esta tentando fazer agora?
- Estou tentando assumir o controle remoto.
As paredes e o vidro ganhavam segundo a segundo cada vez mais rachaduras, e por estas vertia cada vez mais água.
- Consegui – disse Adriano com um pulo.
Os raios que envolviam o quarto de fundo preto e laterais metálicas passaram a se dissipar até mergulhar novamente aquele cômodo no breu, motivado por uma infelicidade de algum comando não foi apenas os raios que se apagaram, a iluminação também deixara o local.
- MARAVILHA – berrou a mulher que tateava ao encontro do responsável – ADRIANO.
UM DISPARO.
Por um breve instante a sala havia retomado a iluminação, revelando o vulto do soldado com uma arma em punho, mirada a fechadura.
Verdade, já tinha esquecido dele, pensou a mulher recuperando um pouco da sanidade.
- Por aqui – Gritou o soldado, que até então não tinha ao menos aberto a boca.
Adriano que tinha o computador em mãos apertou uma de suas teclas, tirando-o do estado de espera e iluminando fracamente o caminho, assumiu a frente clareando o local.
- Temos que soltar o general – ordenou o soldado.
- Tá certo – disse Adriano avançando para o centro.
O general preso a maca tinha apenas o nariz para fora da água, com urgência os três acorreram-lhe desatando as amarras.
- Segure-o – disse o homem a Adriano – vou tentar nos tirar dessa.
Adriano por sua vez passou o computador para Cintia tomando o inconsciente idoso nos braços. 
Com a arma ainda em punho o homem fardado apontou para uma larga fissura na parede e em seguida descarregou o resolver a volta, enquanto uma de suas mãos empunhava o revolver a outra desceu a cintura em busca de um novo cartucho, encontrou, liberou o vazio e encaixou o novo, em seguida continuou os disparos, ao termino deste correu a parede alvejada atirando o próprio corpo, tentou uma, duas, três, mesmo ferido o homem continuava, quarto, cinco, fraca diante de tamanha obstinação a porção atingida foi a baixo, desta feita o cômodo foi tomado por um volume ainda maior de água, a já fragilizada estrutura do complexo gemia perigosamente, do teto desprendia-se grossos pedregulhos, pegos de surpresa foram levados ao chão pela enxurrada, o soldado perdera a arma, Cintia perdera o notebook, mas a maior perda foi a de Adriano, alquebrado pela pressão de água não conseguira manter o velho em seus braços, emergiu de um susto.
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