sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Era engano... - Parte II



...
- Sete e cinqüenta e um, droga, não vai dar tempo.
Corria os olhos sobre as docas numeradas que passaram a ganhar sua visão.
- Dezesseis, quinze, quatorze, treze, achei.
Os grandes portões encontravam-se abertos. Entrou.
Iluminando o amplo galpão havia somente uma luz vermelha ao fundo do salão.
- Esses caras...
Assim que entrou Eduardo ouviu a porta corrediça fechar às costas, só conseguia guiar-se pala luz vermelha, então se dirigiu a mesma, quando faltava-lhe apenas poucos metros para chegar a área coberta pela luz vários estalidos foram ouvidos, no instante seguinte diversas luzes se ascenderam, banhando o sombrio galpão de vermelho.
Olhou para cima, não eram lâmpadas eram olhos, vários pares de olhos, acocorado de ponta cabeça como morcegos haviam homens e mulheres presos ao teto, o clima pareceu tornar-se ainda mais frio ali do que fora.
Puta merda, o que é isso? – pensou o já apavorado Eduardo.
Como bananas excessivamente maduras no cacho estes caíram ao solo, mas ao invés do natural som do impacto, nada foi ouvido.
Me fudi, me fudi, caralho... – pensou com as mãos sobre a cabeça – não eram humanos seus olhos possuíam demoníacas chamas avermelhadas, gente que é gente teria morrido com a queda, estes, contudo nem barulho fizeram, não eram humanos, no que fui me meter? Cadê meus amigos?
Preso ao pânico Eduardo nem podia imaginar que o stress somente lhe condenaria, posto que bombeava com maior força sangue para o coração, o transformando em um grande presunto defumado para as criaturas do recinto.
- Acalme-se, mantenha a calma – dizia uma voz em sua cabeça – o pânico só lhe condenará.
Eduardo confuso que estava já não sabia se quem lhe falava era ele próprio o teu anjo da guarda, mas de todo modo tentaria acalmar-se.
- Vampiros – disse novamente a voz.
As feras então se prostraram de joelho em sinal de reverencia na direção aos fundos do galpão, a luz daquele parte intensificou-se revelando um ser de forma humana sentado a um trono.
- Vá para o canto, cole no metal da parede e controle ao maximo seus batimentos – soprou-lhe alguém ao ouvido.
Obediente Eduardo assim fez, ficou num dos cantos do local e tentou acalmar-se. Era difícil, com freqüência uma morte terrível lhe vinha a cabeça.
Com um pigarro desnecessário o homem que até então encontrava-se sentado ao trono nos fundos do galpão se levantou.
Quando as palavras deixaram sua boca, não eram de língua alguma conhecida por Eduardo, era algo mais como um chiado, encontrava-se mais próximo do som emitido por alguns animais do que fonética usada pelos humanos.
Eduardo sentiu uma mão de suave toque envolver sua orelha.
- ...meus filhos, esta noite entrara para historia, venho mostrar-lhes o nosso segundo maior troféu, a cabeça daquele que muito nos perturba, o líder dos licantrópos – disse o líder sacolejando sem dó ou delicadeza a cabeça de um homem caolho dotado de mal-cuidados cabelos rastafári.
Estou entendo o que ele diz – pensou um misto de euforia e horror.
- Vão meus filhos, vão e tragam o maior número de cabeça daqueles malditos, declaro aberta a caça ao lobo.
O galpão parecia que iria explodir tamanha a euforia demonstrada pelos vampiros, no instante seguinte o grande portão tornou a correr dando passagem para as criaturas noturnas, Eduardo sem titubear juntou-se ao grupo ganhando o lado de fora.
Correu de encontro ao veiculo, contudo algo parecia chamar-lhe em outra direção.
- Não vai pra ai, vem por aqui.
Eduardo que não agora iria abandonar tão forte intuição seguiu quase que puxado ao que acreditava ser seus instintos.
Ao aproximar-se de uma pequeno ancoradouro onde repousava um gasto barco a voz lhe soprou novamente.
- Reme como nunca antes remou.
Eduardo pulou no barco e retirou os remos deitados no interior da embarcação, passou a remar.
Quando os braços pareciam querer lhe abandonar, como um aríete algo lhe apoiava e o fazia prosseguir, remou até que as ondas não mais quebravam em seu frágil barco e lá aguardou até o amanhecer quando já julgava seguro o retorno.
De volta ao cais, conseguiu arranjar gasolina para o carro que permanecia intacto, o encheu e retornou para sua casa, naquele dia não iria para o serviço.
- Ufa, que noite maluca, o que foi tudo isto? – riu – vampiros e lobisomens, puta que pariu.
Tudo o que lhe divertia em forma de leitura ou jogos era real, e agora ele sabia.

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