domingo, 16 de janeiro de 2011

Lágrimas do Céu - Parte VI

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Cansado demais para continuar a se arrastar, estacou arfante, só então lembrou-se do radio, idiota como pude me esquecer, pensou enquanto direcionava a mão a cintura, por favor esteja interior, esteja inteiro, orava o exausto Marcel, achou, o arrastou até próximo a boca e apertou o botão.
- Alguém na escuta?
Ouvia somente estática, ninguém lhe retornava.
- Alguém na escuta? Pelo amor de Deus, aqui é o cabo Marcel, escolta do general... aconteceu uma explosão... – dizia ainda mais fraco.
Após alguns segundos de pura estáticas Marcel pode ouvir um retorno.
- Coronel Ulisses na escuta, quem fala? Repita por favor.
- Aqui é o cabo Marcel, escolta do general Augusto... Uma explosão... O galpão...
- Repita, por favor, Coronel Ulisses na escuta, repita, por favor.
As forças de Marcel lhe abandonavam, cerrou os olhos e soltou o radio.
*
- Cabo ligue o GPS do comunicador que acabou de entrar em contato.
- Sim senhor – disse um jovem rapaz, de pele negra cabelos cortado a risca e característica roupa verde oliva, que ao abandonar a posição de sentido sentou-se diante de um computador passando a teclá-lo.
- Pronto senhor.
- Então desembucha filho.
- O sinal está vindo do galpão abandonado senhor, aquele...
- Eu sei muito bem onde fica rapaz, reúna com urgência dois grupos, estou indo na frente para verificar.
Ulisses deixou o interior da base guiando-se até a garagem, dirigiu-se até um jipe estacionado a frente dos outros veículos, olhou o numero em seu capo.
- 38 – disse correndo até um armário preso à parede dos fundos.
Pegou um molho de chaves preso a cintura, após um breve analise enfiou uma delas na fechadura do armário, já destravada e aberta seu interior revela dezenas de chaves numeradas.
- 38 – relembrou.
Correu até o veiculo e o ligou ao mesmo tempo em que apertava um pequeno aparelho junto ao molho, fazendo a pesada porta de metal subir, acelerou rumo ao galpão abandonado.
*
Não fosse a tração nas quatro rodas, o jipe já teria parado a muito, o veiculo seguia com ferocidade cortando a lama por onde passava, em seu interior o coronel Ulisses pisava fundo no acelerador, a lama em abundancia jorrava sobre a lataria e os vidros do carro para serem rapidamente limpos pelas pancadas de chuva que se mostravam o verdadeiro desafio, os para brisas trabalhavam no máximo igualmente os faróis, tentando iluminar o negro do caminho, o jipe sambava a cada novo golpe sofrido pelos buracos, Ulisses se sentia pilotando uma britadeira, mesmo seguro pelo cinto vira e mexe batia o cocô no teto do veiculo, caralho de chuva que não passava, não trazia na memória a lembrança de uma tempestade desta, os faróis finalmente mostravam o objetivo daquela empreitada.
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