sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Lágrimas do Céu - Parte VIII

...

- Ei, voce está bem soldado? – disse Ulisses que se agachava para retirar o homem do chão.
Sabia que não estava obedecendo aos procedimentos médicos, mas o homem ainda respirava, para Ulisses naquele momento era o que bastava, tomou-lhe nos braços e se dirigiu para o jipe.
O soldado tinha a respiração descompassada e tremia por provável hipotermia.
- Fica calmo soldado, vai ficar tudo bem – disse deitando o jovem no banco traseiro.
Ulisses agora sentado no banco do motorista tinha novamente o radio em mãos, acabava de apertar o botão e levar o aparelho a boca quando viu através do retrovisor os faróis de veículos do exercito tomando aquela avenida para chegar ao seu encontro, bateu três vezes à mão na buzina, depois se desculpou pela indelicadeza com o soldado.
Dois jipes frearam lateralmente ao de Ulisses, tinham os faróis acesos, de seus interiores desceram cinco soldados cada, estes se apresentaram em posição de sentido diante do coronel que já se encontrava fora do carro.
- Freitas pega o meu carro e volta pra base, tem um soldado ferido dentro dele, peça pra mandarem um grupo de resgate.
- Sim senhor.
No instante seguinte o jipe de Freitas partia sob o comando de Freitas.
- Vamos me ajudem aqui temos que arrombar essa porta de aço.
Com grande presteza os ágeis soldados acorreram os pedidos do coronel, amarraram pesadas correntes nas traseiras dos veículos e engancharam na comprida porta metálica, assim que Ulisses sob o comando de um dos jipes deu o sinal os veículos passaram a acelerar, aceleravam com calma, sabiam do risco que envolvia a operação.
Mesmo já bastante danificada a porta parecia irredutível quanto a abertura, as correntes estalavam silenciosas diante a fúria da natureza, aumentaram a velocidade, nada, mais, nada, Ulisses fitava o soldado que operava o outro veiculo, o soldado balançou a cabeça como quem diz: Vamos, Ulisses entendeu e também balançou.
- Vamos – bradou o coronel.
Ambos os homens afundaram o pé no acelerador, neste instante mesmo os bravos retumbares dos trovões não foram páreo para o grito do metal se abrindo, uma verdadeira enchente ganhava o pátio do antigo quartel, milhares de litros de água abandonavam com velocidade o galpão.
Com o som de uma explosão o que restava da porta metálica agora arrastava-se sendo puxado pelos veículos pegos de surpresa, frearam.
Ulisses juntamente com os soldados abandou os jipes e correu para próximo a entrada do galpão, esperando a oportunidade de entrar.
*
- Você ouviu? Ouviu? – disse eufórico a Cintia que se encontrava ainda desmaiada em seu colo – Estamos salvos – procurou Adriano, não estava mais onde o vira pela ultima vez, teria afundado?
Diego se sentia culpado por estar alegre, queria fazer mais, não podia.
Olhou para o fio, estava agora a pouco mais de trinta centímetros.
- Deus do céu vai logo – disse num tipo de oração.
Como um protegido celeste sua prece foi ouvida, entretanto enfrentava agora um novo desafio, estava sendo puxado por uma poderosa correnteza que se formara com a destruição da porta, apertou Cintia contra o peito, a salvaria ou morreria tentando, salvaria ao menos um.
Afundou como que puxado por mãos humanas, olhou, era Adriano.
- Agüenta firme cara – pensou Diego.
...

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