segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O comunicador - Parte I


- Boa sorte filho, eles estão em suas mãos – disse o pai e comandante do sargento.
- Obrigado meu pai – disse já entrando na nave.
- Espere – disse uma jovem que acabava de ganhar o amplo salão de lançamentos.
O sargento já com as mãos no botão para acionar o lacramento da nave desce da mesma e vai de encontro à moça, se abraçam e assim ficam por algum tempo, despendessem com um cálido e demorado beijo.
- Não se preocupe querida volto muito em breve.
- Tome cuidado.
- Tomarei – disse já no interior da nave.
- Lançar – gritou o comandante para os responsáveis do painel de controle.
No instante seguinte o rumo adquirido pela nave era somente visível a tela dos computadores.
*
Compacta e rápida. Era definitivamente a melhor nave para aquela missão, contudo as desvantagens eram claramente visíveis, espremia-se no interior da mesma, trazia um dispositivo no colo, este vez ou outra se chocava contra os painéis do disco.
- Tudo bem é uma missão rápida, perigosa e rápida – pensou.
A tela que era ao mesmo tempo a proteção frontal e transparente da nave e o dispositivo de interação com a CPU mostrava a rota automática tomada para o ponto da missão, caso fosse necessária qualquer tipo de intervenção manual, o sargento era um piloto de mão cheia, mas cobria-se de certeza da não necessidade disto, com olhares preocupado revezava entre a tela de cristal e o aparato que trazia ao colo, sabia que tudo dependia daquele dispositivo e é claro para realizar o adequado uso deste dependeria muito do dispositivo que trazia atado ao braço, definitivamente ao contrario do que todos pensavam o que trazia ao braço era ainda mais importante do que o que trazia ao colo, sem aquilo a missão falharia na certa, sabia das terríveis conseqüências do não logro de seu intento, não podia dar nada errado.
Voltou os olhos a tela, em breve chegaria.  Treinara dias o que iria dizer assim que pousa-se, ainda assim estava temeroso, tinha medo pois estaria totalmente entregue a tecnologia, sem o auxilio daquelas invenções não teria tempo de explicar-se, contudo trazia ao peito a chama da esperança, a crença na melhora daquele povo, eles ainda tinham jeito.
No instante seguinte perdeu-se em filosofia enquanto admirava a imensidão espacial, era um piloto experiente, mas nunca se cansava em contemplar as maravilhas que compunham de modo tão harmônico o universo, ele assim como seus iguais tinha grande paixão pelos estudos fossem eles filosóficos ou tecnológicos, por séculos sondavam o universo para ampliar e dividir seus conhecimentos, tornaram-se guardiões ansiosos de um povo que ainda não estavam preparados para recebê-los, infelizmente para ambos os povos, não havia mais tempo, era agora ou nunca.
Acordou com um baque recebido pela nave, levantou a cabeça e olhou para a tela.
- Chuva de meteoritos – disse ao passo que assumia o comando da nave.
A espaçonave ainda que pequena possuía uma invejável resistência, escudos invisíveis a tornavam virtualmente indestrutível, não seriam meros destroços a destrui-la.
Manobrava com verdadeira maestria a aeronave por entre os destroços, o monitor revelava os poucos quilômetros finais daquela garoa espacial, decidiu aumentar a velocidade.
O sistema de posicionamento da nave agora revelava o incrível acréscimo na velocidade, a estipulação horária por sua vez foi reduzida a metade.
Em pouco tempo o mapa digital já exibia o quadrante onde localizava-se seu destino, o planeta alvo piscava na tela.
Distraiu-se momentaneamente com o poderoso astro regente daquela Via, como era lindo, retomou o foco.
Iniciou o processo de desaceleração da nave, queria fazer um pouso mais discreto possível, ganhava agora a atmosfera do planeta, a aeronave descia com suavidade por uma densa e acinzentada nuvem que estendiam-se por quilômetros, o pouso seria um sucesso, seria se não fosse o mais tolo dos imprevistos, tamanha a carga elétrica que bombardeava a área de pouso a nave não passou incólume, sendo atingida diversas vezes.
No interior da nave e pego de surpresa o piloto agitava-se na busca de uma solução, correu com as mãos aos botões anexos ao painel, nada, a nave não estava adaptada a este pequeno imprevisto, faísca e fumaça começavam a tomar o ambiente, prevendo o inevitável, o sargento tomou o aparato que repousava em seu colo e o abraçou a espera do impacto.
Mesmo diante da incrível tempestade os rodopios e o impacto da nave não se tornaram invisíveis ou abafados, pelo contrario, no instante da queda qualquer outro som pareceu silenciar como se coroassem o senhor do som, o som da nave, nave contra o chão.
Longe do conhecimento do viajante, vivo porém inconsciente, a nave agora repousava uma imensa cratera aberta em um grande centro urbano, não difícil de se prever, mesmo diante o tremendo pé d’água um incrível aglomerado passou a se formar em torno da cratera, curiosos acotovelavam-se na oportunidade de ver o que estava acontecendo.
...

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