quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Bons conselhos


- E agora? - perguntava-se um homem sentado a beira de uma ponte onde a baixo corria um rio de águas calmas.
- Ô omi, caso queira si afogar não recomendo este rio não, ele é muito raso, daria uma trabalheira danada, e é tão fraquin que não serve nem para te levar rio a baixo onde ai sim daria para si afogar - disse um homem que ali passava, largando a mochila que trazia nas costas e sentando-se ao lado do desconhecido.
- Não é nada disso - disse o homem tentando justificar-se.
- Ora, o que é intão?
- Muita responsabilidade.
- Oxi e como com tanta responsabilidade ocê ainda tem tempo di sentar pra ver o rio passar?
- Também, não é isso.
- Então desembucha logo omi, bota tudo pra fora.
Após uma breve análise da face do sujeito que estava ao seu lado começou.
- Sabe, às vezes penso se tudo que eu faço realmente adianta, se as pessoas realmente um dia saberão dar o devido valor, se saberão realmente apreciar o que faço.
- Ah já sei intão, como é mesmo o nome mesmo disso? É...é... Stress, é isso - disse o homem dando um leve soco na mão.
- É, acho que pode ser visto desse jeito.
- E o que o amigo faz?
- Pode-se dizer que de tudo um pouco.
- Ah sim, ocê é ajudante geral?
- Acho que sim – disse o homem esboçando um sorriso.
- Olha, antes de continuarmos essa prosa, deixa eu ti dá um desses, tá muito calô podi ti fazê mar. – disse abrindo a mochila e retirando um boné com o logo da Petrobrás igual ao dele – Agora sim, ondi é que paramo mesmo? – coçou a cabeça – Ah é! Ocê ia conta sobre o seu serviço.
- Ia?
- Ué e não ia? Afinar pra que servi os amigos? Pode continua...
- O problema é que faço e faço e não vejo nenhum resultado, ninguém parece dar valor.
- Ora, as vez isso é coisa di tempo, quanto tempo ocê trabalha nisso?
- Muito tempo...
- Vai vê as pessoas inté ti admira, é só ocê que num vê, i mesmo que não, ocê tem que fazê o que gosta, o que nasceu pra fazê qui nem dizem por ai.
- Eu faço o que gosto, o problema é que poucos vêem o que faço, muitos são os que passam por mim e nem ao menos reparam em meus trabalhos.
- Ora omi, i é por isso que ocê vai fica ai borocochô? Sabe di uma coisa?
O outro homem balançou a cabeça em sinal de negativo.
- Mesmo que ninguém repare no que ocê faiz, isso não muda o bem que ocê ta fazendo, as vezes é assim mesmo, ninguém vê, mas ocê faz, sabe como é? Mas ou mesmo assim como nosso Sinhô – disse tirando o boné da cabeça.
- Tá certo – disse o homem com um sorriso no rosto – são pessoas como você que me fazem continuar com meu serviço.
- Ora omi, e não é pra isso que os amigos servem?
- Sim é claro.
- Já vai? – disse ao ver o homem se levantando.
- Sim, tenho muito o que fazer - sorriu.
- Intão Inté.
- Ah, o seu boné, já ia esquecendo – disse fazendo menção de tirá-lo.
- Carece não omi, já tenho um – disse o caipira levantando o seu boné - fica com esse, vai sabe si lá pra onde ocê trabaia num faz um calorão desses.
- Obrigado – disse erguendo o boné da cabeça.
No instante seguinte o homem juntamente com o seu novo boné desapareceu. E desde aquele dia, sempre que possível entre as suas muitas tarefas, o Criador olhava e sorria lá do céu para o caipira, que com seus conselhos simples, porém profundos e sinceros, tinha renovado o seu vigor para o cumprimento de seu árduo trabalho, que era o de continuar a reger todo o Universo.

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