domingo, 2 de janeiro de 2011

Encruzilhada


Tinha tudo do que diziam precisar, iria fazer, estava desesperado, não tinha outra saída, já tinha tentado de tudo, tudo mesmo, todo o tipo de artes ocultas e nada, este era o ultimo fio de esperança na qual Lucas podia se agarrar, tinha que dar certo, estava no lugar certo e com todas as coisas, olhou para os quatro lados, nada, olhou o relógio, onze e cinqüenta e sete, passou a cavar um pequeno buraco no centro da encruzilhada, jurara para si mesmo que não mediria esforços em trazer sua amada.
Buraco aberto Lucas depositava agora a pequena caixa de prata com alguns pertences particulares e outros coisas mais, havia seguido a receita ao pé da letra, estava no lugar certo, na hora certa e no dia certo, o céu apesar de mais negro do que de costume estava limpo e estrelado, tudo corria perfeitamente, tampou o buraco.
Meia noite. Olhou, olhou e olhou para os lados, nada. Não podia estar errado, tinha feito tudo conforme lhe fora instruído.
Virou os olhos assustado com um som que julgava ter vindo do meio da mata, que se fazia alta do lado direito de uma das ruas daquela encruzilhada. Sentiu um vento gélido bater em sua nuca, virou, caiu de costas.
- Esta esperando alguém? – perguntou a bela moça de corpete preto e longos cabelos encaracolados.
- Vo...cê.
- Sério? Que honra – debochou a fêmea.
- Você vai me ajudar?
- Claro, o que vai querer? – disse com um esgar de sorriso – Não, não precisa dizer, deixa que eu adivinhe.
Lucas sentiu a mulher invadir-lhe a alma por entre os olhos, sentiu-se fraco, indefeso, esta vasculhava profundamente seu espírito.
- Oh que bonitinho, você quer sua namoradinha de volta. – disse a sedutora mulher envolvendo-se no corpo de Lucas que acabara de se levantar.
- Você pode trazê-la de volta? – disse soltando-se.
- Sim, mas tudo tem o seu preço, você sabe qual é o meu?
- Sei, eu pago.
- Tudo bem, mas irei dizer mesmo assim, sabe como é, para que não queira revogar o contrato depois – a mulher assumiu uma postura mais seria – eu realizo o seu desejo e depois de dez anos venho buscar sua alma, pra não dizer que sou uma demônia má, vou te dizer que não é a mais sábia decisão empenhar a alma por uma pessoa.
- Não ligo para seus conselhos, traga a de volta.
- Me beije, assim selamos o contrato.
- Quê? – disse o rapaz.
- É isto mesmo tolinho, achou que eu o faria assinar um contrato com seu sangue?
Lucas deu um passo para trás e dois pra frente, tinha que fazer aquilo.
Homem e demônio tocaram os lábios um no outro, enquanto o homem parecia lutar a bela dama o acariciava ao passo que corria as mãos por suas curvas, para Lucas foi impossível notar o que acontecia, mas as suas costas a mulher encontrava-se de olhos abertos, e que olhos, estes iluminavam todo o caminho atrás do rapaz, tingindo a estrada de vermelho.
Quando foi do desejo da fêmea estes desgrudaram-se, Lucas foi ao chão como inconsciente, no instante em que se levantou não havia nem rastro da demoníaca mulher.
Sentiu-se enganado, traído, sua amada não estava ali ao seu lado, chorou.
Ao recompor-se voltou ao carro e seguiu para casa, cabisbaixo guiou uma de suas mãos à fechadura onde encaixou a chave, com a outra mão foi à maçaneta, contudo antes de girá-la esta foi aberta, Lucas sentiu fortes palpitações, o coração parecia querer escapar pela garganta, as mãos tremiam.
Carla o abraçou. 

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